11/07/2017

montibus






















Não existem montanhas onde estou. Só e apenas uma planície infidável que se estende até ao mar frio que não reconheço. De um azul sombrio, de uma calma funesta, que tudo consome e tudo limpa.

As memórias essas, são já tão vagas que temo um dia não recordar nem a força que um dia tive, nem a mão que segurou a espada e o livro, nem nada, nada nada, que me faça lembrar de mim mesmo. Existe apenas esta planície infindável.

E na sua imensidade transformei-me, e quase esqueci o passado.

A inércia não faz parte da Grande Obra, porquanto o grande não pode esperar pelo pequeno.

A ti m.
m de mistério, m anónimo que continua a puxar por uma vida que devia ter já cedido, mas que continua a lembrar vagamente que um dia existiu uma outra luz, e montanhas. m de montanha, que um dia teve um farol no seu cume, de luz sagrada, e que guiava os filhos de regresso a casa.